Regente da Orkestra Rumpilezz, Letieres Leite vai apresentar aos alunos do curso as diferentes teorias e estudos sobre a consciência e utilização de fundamentos da cultura musical de matriz africana, e suas consequências nas estruturas rítmicas de diversos gêneros da música popular brasileira, com ênfase para a regência a partir de alguns destes conceitos estruturais rítmicos
A riqueza rítmica e a genealogia do Universo Percussivo Baiano, método desenvolvido pelo instrumentista, compositor e pesquisador Letieres Leite, é o tema da sexta aula do Curso Online de Introdução à Regência. Um dos músicos mais inventivos de sua geração, Letieres Leite vai falar aos alunos do curso sobre as diferentes teorias e estudos a respeito da clave rítmica na música popular brasileira, neste sábado (28), das 13h às 17h, por meio da plataforma Zoom.
A atividade será transmitida para 330 alunos de 24 Estados brasileiros, selecionados por meio de Edital lançado no site da Estação Conhecimento de Serra. Considerando-se os alunos de docentes matriculados, indiretamente a formação vai contemplar cerca de 6,5 mil estudantes em todo o Brasil.
Iniciativa do Instituto Cultural Vale, o Curso Online de Introdução à Regência integra o Programa Vale Música e é destinado a estudantes de música, professores, músicos, regentes de bandas, orquestras, corais e grupos de jazz, entre outras formações musicais. Todas as atividades são desenvolvidas de forma remota, com a participação de regentes e musicistas de projeção internacional.
Matrizes africanas
Nascido em Salvador, em 08 de dezembro de 1959, Letieres Leite iniciou sua carreira na flauta, passando em seguida para o sax tenor e o sax soprano, tendo desenvolvido sua vocação para os instrumentos de sopro de forma autodidata, logo seguindo para Viena, Áustria, onde cursou durante cinco anos no Konservatório Franz Schubert.
Regente da Orkestra Rumpilezz, criada por ele em 2006, traz a bigband como cartão de visitas para suas ideias, alimentando projetos e pesquisas que buscam catalogar e sistematizar as informações sobre o Universo Percussivo Baiano (UPB), como ponto de partida para um entendimento maior dos fundamentos rítmicos da MPB em seus diversos gêneros oriundos das matrizes africanas, em especial, o caráter educacional que prestigia todo esse conhecimento.
Fundou a AMBAH (Academia de Música da Bahia), em Salvador, e atuou como produtor e diretor musical de diversos projetos da música popular brasileira e mundial, incluindo parcerias com Maria Bethânia (dirigiu e arranjou os álbuns “Mangueira” e “Noturno”, e fez a direção e os arranjos do show “Clarus Breus”); Lenine (arranjos para o álbum “Carbono” e apresentações como a do Rock In Rio);
Gilberto Gil (direção e arranjos dos shows no Teatro Municipal e na Cidade da Música para o festival B2B Rio, e turnê com a Orkestra Rumpilezz convida Gil);
Caetano Veloso (shows com a Orkestra Rumpilezz, como o do Circo Voador, no Rio de Janeiro, e arranjos para disco).
Também desenvolveu trabalhos com Toninho Horta (arranjos para o álbum “Voz e Harmonia”); Paulo Moura (apresentação no Festival de Jazz de Montreux em 1992); Lulu Santos (arranjo para o disco “Liga Lá”); Ivete Sangalo (arranjos e direção em cinco discos e três DVDs); Olodum (arranjos em nove faixas para o disco “Olodum 20 anos”); além de desenvolver arranjos para o premiado espetáculo “Elza, o Musical”, de Elza Soares, e para artistas como Nação Zumbi, Paulo Miklos, Liniker, Zeca Pagodinho, Elba Ramalho, Margareth Menezes, Orquestra Sinfônica Neojiba e Orquestra Sinfônica Tom Jobim (SP), entre outros.
Realizou turnê com saxofonista norte-americano Joshua Redman, show com o trompetista Steven Berstein e concerto com o arranjador Arturo O’ Farril & AfroLatin Jazz Orchestra, em Nova York.
Ao longo de sua carreira, Letieres Leite recebeu diversos prêmios, entre os quais o Prêmio da Música Brasileira, em cinco ocasiões, nas categorias Revelação, Melhor Grupo (Rumpilezz, duas vezes), Melhor Álbum (“A Saga da Travessia”) e Melhor Arranjador, em 2017; o Prêmio Bibi Ferreira como Melhor Arranjador de Musicais; e o Prêmio Bravo! de Melhor CD de 2010.
Nos últimos anos, o pesquisador apresentou o seu método Universo Percussivo Baiano em workshops e palestras em todo o mundo, com destaque à residência no Berliner Jungend Jazz Orchestra (Alemanha), às oficinas no San Jose Jazz festival (EUA), UNIRIO (Rio de Janeiro), URGS (Rio Grande do Sul), Conservatório Musical Souza Lima (São Paulo) e Museu de Arte da Bahia (Bahia), além de master classes no City College of New York (EUA) e no New York Library for the Arts (EUA).
Tópicos
De acordo com o pesquisador, sua palestra no Curso Online de Introdução à Regência tem como objetivo “desenvolver a compreensão e assimilação das claves e desenhos rítmicos que fundamentam alguns gêneros da musica brasileira, oriundos das matrizes africanas, para uma melhor compreensão (consciência) para as práticas musicais tanto nos arranjos como na performance e na composição para musicistas em geral”, a partir da apresentação de três tópicos assim divididos:
- Aspectos históricos e antropológicos sobre a diáspora negra no Brasil, observando as contribuições dos grupos (sudaneses e banto) para a formação musical da MPB (essencialmente afro-brasileira);
- Considerações sobre a clave rítmica, sua existência e importância, sistemas e conceitos na música popular brasileira.
- Abordagem sobre tradição oral e tradição europeia, com considerações sobre forma de leitura/escrita para os ritmos de matriz africana, a partir da observação do uso dos sistemas de claves rítmicas e seu entorno, identificando os padrões de subdivisão (binária ou ternária – compasso simples ou composto), discussões e aprofundamentos nos diversos paradoxos e questionamentos sobre a educação musical de caráter predominantemente eurocêntrico (geralmente utilizado nas academias e conservatórios), aplicado nas músicas de matriz africana.
Na fundamentação histórica, Letieres Leite cita o historiador José Ramos Tinhorão, entre outros, com base no livro “Os negros em Portugal: uma presença silenciosa”, para demonstrar que a herança rítmica do Universo Percussivo Baiano estrutura-se a partir da cultura e dos costumes da população negra, oriunda da África, escravizada por Portugal pelo menos 50 antes da chegada dos portugueses ao Brasil, em 1500. “É comum nos estudos contemporâneos a respeito da miscigenação cultural derivada do Capitalismo Mercantil, fornecermos ao período escravocrata brasileiro a cosmogonia da música de matriz africana, e do seu pecúlio luso-negro. Todavia, se tal mistura decorre de processos anteriores a 1500, seus estudos, compreensão e aplicação também devem imergir às origens dessas populações”, observa o pesquisador.
Sobre a prática docente dentro do UPB, Letieres Leite informa que a mesma se realiza por meio da busca pela equidade entre a tradição oral de matriz africana e a tradição europeia. “Esse método busca uma fidelidade que na sua transcrição gráfica musical encontra um paradoxo: a escrita tradicional europeia não traduz as nuances dos microrritmos encontrados na musica de matriz africana”, comenta. Por fim, a ação didática se dará a partir de estudos e experimentações de alguns “toques” da música afro-brasileira presentes em gêneros da MPB e das músicas compostas exclusivamente para os estudos desses ritmos.
Atualmente, o pesquisador dedica-se ao seu método UPB, como diretor pedagógico do projeto de formação de jovens no Laboratório Musical Rumpilezzinho, do qual é idealizador e forma diretamente mais de uma centena de jovens músicos, ao lado de uma equipe de educadores. Formado por jovens músicos que integram o projeto, o Coletivo Rumpilezzinho, por exemplo, participou da gravação do álbum “Coração a Batucar”, de Maria Rita, em 2014, e apresentou-se no XXI Percpan – Panorama Percussivo Mundial, em 2017.
O Curso
O Curso Online de Introdução à Regência tem coordenação do Projeto Vale Música Serra e o patrocínio da Lei de Incentivo à Cultura do Ministério do Turismo. Entre os palestrantes convidados estão regentes reconhecidos internacionalmente, como Ricardo Rocha, Letieres Leite, Nelson Ayres, Dario Sotelo, Maria José Chevitarese, Délio Gonçalves, Marcelo Jardim e Marcelo Maganha.
A formação terá um total de 200 horas, sendo 120 horas síncronas, por meio da plataforma de videochamada Zoom, e 80 horas assíncronas, com atividades preestabelecidas no AVA – Google Classroom. Os componentes curriculares do curso serão divididos em 30 encontros, realizados sempre aos sábados, das 13h às 17h.
Para a gerente do Instituto Cultural Vale, Christiana Saldanha, o Curso Online de Introdução à Regência está em consonância com a estrutura pedagógica do Programa Vale Música e com o papel da instituição no processo de democratização do acesso à cultura e do fomento da arte. “Desde 2019, quando foi criado, o Programa Vale Música está em constante evolução. O curso de Regência do Vale Música, modalidade inédita no Programa, se junta a outras categorias de formação para possibilitar novas possibilidades aos músicos, reflexo de nossa busca incessante pelo aperfeiçoamento”, destaca Saldanha.
Dúvidas e mais informações podem ser obtidas pelo e-mail [email protected].
SOBRE O INSTITUTO CULTURAL VALE:
O Instituto Cultural Vale parte do princípio de que viver a cultura possibilita às pessoas ampliarem sua visão de mundo e criarem novas perspectivas de futuro. Tem um importante papel na transformação social e busca democratizar o acesso, fomentar a arte, a cultura, o conhecimento e a difusão de diversas expressões artísticas do nosso país, ao mesmo tempo em que contribui para o fortalecimento da economia criativa. Em 2021, são mais de 150 projetos criados, apoiados ou patrocinados em 24 estados e no Distrito Federal. Dentre eles, uma rede de espaços culturais próprios com visitação gratuita, identidade e vocação únicas: Memorial Minas Gerais Vale (MG), Museu Vale (ES), C entro Cultural Vale Maranhão (MA) e Casa da Cultura de Canaã dos Carajás (PA). Visite o site do Instituto Cultural Vale para saber mais sobre sua atuação: www.institutoculturalvale.org.
SOBRE O PROGRAMA VALE MÚSICA:
Desde o início dos anos 2000 a Vale cria oportunidades para estudantes participarem de formações musicais e desenvolverem seus talentos nos estados do Espírito Santo, Minas Gerais, Pará e Mato Grosso do Sul. Em 2019, a empresa criou o Programa Vale Música, uma rede colaborativa de ensino e aprendizagem composta pelos projetos musicais dos quatro estados e as maiores orquestras do país. Ao todo, a rede envolve mais de 240 profissionais e mais de 1.000 estudantes. São parceiras do Programa Vale Música a Orquestra Sinfônica Brasileira, a Orquestra Ouro Preto, a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, a Nova Orquestra e a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, patrocinadas pelo Instituto Cultural Vale por meio da Lei de Incentivo à Cultura.
SOBRE O PROJETO VALE MÚSICA SERRA:
Iniciativa do Instituto Cultural Vale, o Projeto Vale Música Serra atende 200 alunos, de 07 a 29 anos, na Estação Conhecimento de Serra, em Cidade Continental, e 70 alunos, de 07 a 11 anos, no Núcleo do Vale Música no Parque Botânico Vale, em Vitória. O projeto conta com diversos grupos artísticos como a Orquestra Jovem Vale Música, a Camerata Jovem Vale Música, a Vale Música Jazz Band, a Banda Sinfônica Vale Música, o Coral Infantil Vale Música e o Coral Jovem Vale Música, que se apresentam em eventos na Grande Vitória e demais regiões do país. Durante o período da pandemia do novo coronavírus todas as atividades estão sendo desenvolvidas de forma remota.
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