Banda Sinfônica Vale Música faz concerto em homenagem às mulheres no samba

Uma homenagem a mulheres que marcaram época na história do samba: esta é a proposta do concerto “Samba D’Elas”, que será apresentado pela Banda Sinfônica Vale Música no dia 07 de dezembro, às 20h, no Teatro Universitário da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em Vitória.

Com regência de Eduardo Lucas e Ludhymila Bruzzi, o grupo irá executar sucessos de Dona Ivone Lara, Leci Brandão, Beth Carvalho, Jovelina Pérola Negra, Alcione e Dona Edith do Prato, em formato sinfônico, com participação das cantoras convidadas Elaine Augusta, Sol Pessoa, Brenda Mozer e Lorena Dalvi.

 O concerto “Samba D’Elas” tem patrocínio do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Rouanet, do Ministério da Cultura. Os ingressos são gratuitos e podem ser retirados na bilheteria do teatro uma hora antes do início do espetáculo.

 Um dos grupos de referência do Projeto Vale Música Espírito Santo, a Banda Sinfônica Vale Música é composta por cerca de 50 alunos e conta no currículo com diversas apresentações de peso, como os espetáculos em homenagem a Elis Regina, Tim Maia, Djavan, e o concerto em homenagem ao centenário do samba, em 2017.

Representatividade

 Idealizador do concerto “Samba D’Elas”, o maestro Eduardo Lucas conta que o espetáculo surgiu a partir de uma reflexão sobre a representatividade feminina na construção do samba e da estética musical brasileira. “A presença das mulheres negras é marcante na historiografia da MPB. Pioneiras como Tia Ciata foram responsáveis pela preservação desse gênero e por cuidar dos fazedores de cultura de sua época”, afirma o maestro, referindo-se à mãe de santo e sambista Hilária Batista de Almeida, considerada uma das figuras mais influentes para o surgimento do samba carioca no início do século XX.

Dentro dessa proposta, o concerto revisita sucessos de cantoras e compositoras que deixaram uma marca indelével na história do samba. “As homenageadas têm um papel muito importante para a sociedade brasileira porque elas são referência para as gerações que as precederam e também para as gerações posteriores. Quando falamos em Ivone Lara, Beth Carvalho, Leci Brandão, Alcione nos referimos a mulheres que, mais do que reprodutoras de um gênero musical, foram criadoras e tiveram importância enorme na sua difusão”, observa.

Memória afetiva

A seleção de repertório contempla sambas que estão presentes na memória afetiva do público, como “Alguém me Avisou”, de Dona Ivone Lara; “Vou Festejar” (Jorge Aragão/Dida/Neoci Dias), imortalizada na voz de Beth Carvalho; e “Marinheiro Só”, samba de roda de domínio público gravado por Edith do Prato, que se tornou célebre ao extrair sons de percussão utilizando uma faca e um prato como instrumentos.

A intenção, segundo o maestro, é contar com a participação do público cantando junto com as cantoras convidadas. Elaine Augusta, Sol Pessoa, Brenda Mozer e Lorena Dalvi se destacam no cenário musical do Espírito Santo e bebem na fonte do samba em suas respectivas carreiras. “Procuramos unir cantoras que já estão cantando o samba tradicional há algum tempo e uma nova geração que está em início de carreira”, comenta o maestro.

Desafio

Musicalmente, o regente considera este concerto um desafio para os alunos da Banda Sinfônica Vale Música, devido à riqueza rítmica do samba e à adaptação de um ritmo essencialmente popular para o formato sinfônico. “Para os alunos, executar gêneros como o jazz e a música clássica é mais acessível porque são escolas que já tiveram seu estudo sistematizado em livros. No caso da música brasileira é diferente. É necessário estar no meio, ter uma interação etnográfica, aprender com os mais velhos para assimilar a sua essência. É o que estamos propondo e o que iremos alcançar com esta apresentação”, pontua.